quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Documenta Brazil



Para encerrar a programação de uma semaninha ótima, recheada de cultura e música, ontem fui ao festival “Documenta Brazil”, mostra de documentários brasileiros, na NYU. Muitos filmes interessantes foram apresentados, mas como NY é uma cidade de agenda cheia não consegui assistir a tudo que queria.

Assisti os documentários “Afroreggae – Nenhum Motivo Explica a Guerra” (de Cacá Diegues) e “Janela da Alma” (de Walter Carvalho). O encerramento foi com uma palestra do renomado músico, escritor, professor e intelectual José Miguel Wisnik. Ele falou da sociedade e da música brasileira, de sua repercussão no resto do mundo e ainda fez um estudo brilhante sobre três musicas: Desafinado, Tropicália e Iracema Voou.

Uma platéia seleta, interessada e recheada de pessoas que sabiam por quê estavam ali.

No encerramento do festival ainda teve uma surpresinha que fez a alegria dos brasileiros exilados aqui. Coxinha, empadinhas e pastel! E claro, o bom e velho vinho barato servido em copo de plastico que esta presente em TODAS as festas americanas.

O mais interessante para mim foi perceber em poucas horas a amplitude do Brasil, de suas riquezas e fraquezas.

Em Afroreggae a gente viu uma imagem do país que é exportada diariamente, de favelas, pobreza e violência. Da sobrevivência através da arte e do apoio humano. A polícia ataca de um lado os traficantes atacam de outro, e o resto da comunidade tenta achar forças para fazer mais do que simplesmente sentar e chorar. Todos os integrantes do Afroreggae ja bateram, apanharam, foram humilhados pela polícia e tiveram vontade de revidar. Os depoimentos eram sensíveis em um português sofrível, com pouca concordância gramátical e muita gíria. Uma realidade que emociona, não pelo talento e força do grupo, mas por saber que eles são poucos num universo enorme de fome, violência, desigualdade social, falta de educação e de respeito.

Logo depois, na palestra do Wisnik, a realidade brasileira era outra. A imagem do Brasil agora era do país que criou a Bossa Nova. Um país com músicos que compõem, interpretam e tocam suas próprias músicas. E mais que isso, um país com músicos que sao escritores de poesias e romances, de uma nata composta por Vinícius de Moraes, Tom Jobim e toda a família Buarque de Holanda. A palestra foi sensível em um português acadêmico de nível altíssimo. Uma realidade que também emociona, pela genialidade, pelo talento e infelizmente por saber que eles são poucos num universo enorme de desigualdade social, falta de educação e excesso de mulheres frutas.

É, o Brasil mostra sua cara. E ele esta cada vez mais bonito.

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